Discos, dvd´s, fitas vh´s, cd´s etC...

Pesquisar no site

Saudosistas e colecionadores garimpam sebos em busca de VHS

05/04/2010 09:14

Diário do Comércio - SP

Agliberto Lima/DC Caldeira, fazendo compras no sebo: coleção de filmes de guerra, faroeste e clássicos.

Sai fita VHS, entra o DVD. Tudo em razão do avanço da tecnologia. As fitas estão sumindo das prateleiras das locadoras. Mas o público fiel ao "antigo" pode ficar tranqüilo: há lugares que viraram praticamente pontos de encontro de colecionadores.

São basicamente dois os motivos que levam uma pessoa a preferir a VHS ao DVD: nem todos os filmes foram lançados em disco, e os saudosistas não abrem mão do charme das fitas _ um costume "cult".

No sebo Los Hermanos, no bairro da Lapa, em São Paulo, a venda de fitas responde por 60% do faturamento da loja, que tem um acervo de 8 mil unidades. Entre elas estão o filme Dio, come Ti Amo , em preto e branco, de 1966 _ vendido por R$ 80. Outra raridade foi comercializada na semana passada, por R$ 150: a edição de Amor, Estranho Amor, estrelada pela Xuxa _ da época em que ela ainda não tinha descoberto a paixão pelos baixinhos. As quatro fitas de clássico Quo Vadis , de 1986, saem por R$ 35.

O arquiteto Mário Caldeira visita o sebo pelo menos duas vezes por mês. Ele não comprou um aparelho de DVD por opção. "Eu realmente gosto mais de VHS. Meu videocassete funciona bem, minhas fitas nunca deram problema e acho filmes incríveis em VHS, com preços igualmente bons", diz.

Na visita mais recente ao sebo, Caldeira levou nove fitas. "Coleciono filmes de guerra, faroeste e os clássicos. As edições mais interessantes da Mostra Internacional de Cinema só encontro em VHS."

Mas o mercado não vive só de colecionadores. Há quem compre VHS pelo preço baixo. Logo na entrada da Los Hermanos, foi colocado um carrinho de supermercado com edições a R$ 2 e R$ 3. "A cada dez DVDs vendidos, são levadas 50 fitas. O DVD pode oferecer qualidade melhor, mas se for riscado, não há recuperação. Já a VHS, se mofar ou quebrar a fita, há como consertar", diz um dos proprietários da loja André Garcia Mechedjian.

Ele dá uma dica aos colecionadores para que o material não sofra os efeitos do tempo: "Os donos de VHS não podem deixar de rebobinar a fita pelo menos uma vez por ano. Além disso, elas não podem ser guardadas em lugares úmidos. Com esses cuidados, a vida útil será longa."

Segundo Mechedjian, o mercado de DVDs facilitou a venda de produtos piratas. "Antigamente, um vendedor de artigos falsificados precisava de um carrinho para vender as fitas, que ocupavam mais espaço. Hoje, a pessoa coloca 2 mil DVDs em uma bolsa e nem chama a atenção da polícia."

Sem lançamento
O Sebo do Messias, que existe há 21 anos no centro da cidade, possui um acervo com mais de 120 mil fitas, nas quatro unidades. "Cerca de 40% dos filmes ainda não foram lançados em DVD. Por isso, há muita procura pelas fitas VHS", diz o comprador do Messias, Gilson Oliveira de Souza. A loja vende sete fitas por R$ 10.

Mas Oliveira afirma que a VHS tem um grande inimigo: o preço dos aparelhos de DVD, que cai a cada dia. "As pessoas vão às locadoras, não acham fitas para alugar e decidem aderir à tecnologia. As VHS da família são vendidas aos sebos. Um material valioso para os colecionadores. Por isso, ainda hoje existe mercado."

De acordo com o presidente do site Mercado Livre, Stelleo Tolda, 20% dos filmes vendidos pelo site, entre novos e usados, são em formato VHS. "Os números de vendas são os mesmos há um ano. Isso quer dizer que o mercado de VHS no Brasil é estável", afirma. Ele analisa, porém, que deve cair com o tempo. "Mas sempre haverá os saudosistas."

Batcaverna
O porão da casa do radialista Antônio Schimidt _ batizado de batcaverna _ abriga 6,4 mil VHS. "Tenho também algumas películas em 16 milímetros. O material é fruto de um trabalho de pesquisa que começou há mais de 20 anos."

Entre as raridades estão os filmes de Flash Gordon, sem dublagem, e a Volta do Cavaleiro Mascarado. O colecionador nem imagina quanto vale o material. "Eu não vendo."

O hobby de Schimidt deu origem a um programa de rádio, o TV a Lenha, transmitido pela rádio Educadora de Piracicaba. "É interessante falar sobre filmes em uma rádio. Coloco trechos de seriados, desenhos, e as pessoas adoram."

Voltar

© 2010 Todos os direitos reservados.